quinta-feira, 29 de julho de 2010

Desculpas Esfarrapadas

     Lá estou eu em uma manhã muito entediante, tomando meu saboroso Mocaccino (na verdade uma água suja que costumam chamar de café), e após alguns cliques despretensiosos do mouse me deparo com a seguinte notícia no site de notícias G1: "Professora perdoa noivo que sumiu para pescar e remarca casamento" (Matéria na íntegra: Leia aqui). Confesso que ao ficar a par dos fatos, dei umas boas gargalhadas.




     Após um pouco de reflexão e de finalizar meu "saboroso" café com bolachinha recheada (isso ainda vai me fazer mal), me surgiu a idéia de escrever a respeito. É impressionante como desculpas esfarrapadas são ditas, e o que é pior, acatadas...
     Puxando do fundo do baú, certo dia recebo uma ligação medonha, tamanha a raiva da pessoa do outro lado da linha: "quer me dizer o que é aquele comentário ridículo daquela vagabunda no teu fotolog dizendo que ontem você tava cantando pneu na frente da casa dela?". Nesse momento senti um forte embrulho estomacal, e um imenso vazio no cérebro. Pensei comigo: "ops, fudeu pro meu lado". Dei uma desconversada padrão, afirmei que estava ocupado no trabalho e retornaria em seguida. No mesmo instante liguei para o parceiro meu da noitada e tramamos a desculpa a ser implementada.

     Para contextualizar, na noite anterior havíamos saído para tomar umas geladas e dar risada, tudo isso sem o consentimento das então primeiras damas. Nada muito grave. Acontece que de posse de um elevado teor alcóolico, quando estávamos passando em frente a um antigo brike do meu amigo, o mesmo sugeriu: "vamo acordar a jovem". Totalmente emocionado, engatei marcha ré, e ao atingir relativa velocidade, meti primeira e deixei os pneus conversaram um pouco com o asfalto. Não lembro direito, mas a gritaria durou uns 30 segundos (e me custou um jogo de pneus novos). Ao ver que a mesma acordou, meu amigo meteu a cabeça pra fora e começou a série de elogios...". Finalizamos a noite com a saideira, dando muitas risadas do fato. No dia posterior, mais do que bêbado, cheguei no trabalho e recebi a ligação acima. E agora José?

     Após ler o comentário (o qual chutou o balde, esmiuçando o ocorrido e denegrindo minha imagem e também do meu parceiro) e ter uam boa conversa com meu amigo, chegamos a uma conclusão: é hora da desculpa esfarrapada. Não lembro direito os argumentos, mas com certeza foram os mais convincentes e inteligentes possíveis. O fato do anonimato no fotolog, somado à mágua pessoal que a moça sentia pela atual namorada do meu amigo amenizaram bastante o bafafa. Todavia, mesmo com o fogo apagado, a pulga permanecia viva atrás da orelha das jovens. Foram longas semanas de "pizão modo reloginho ON" até que se certifica-se que o fato havia sido esquecido (pelo menos parcialmente, saindo da memória principal de assuntos mal resolvidos das meninas).

     Engraçado que saia de um entrava em outro. Quando não era comigo, algum amigo se metia na mesma situação. E engraçado que nesse momento o canalha sempre tem uma desculpa na ponta da língua. E elas também não são diferentes. Lembro com muita saudade de um nobre amigo que toda a vez que ia tentar dar desculpa ou proteger alguém, errava o pulo. Um dia estávamos festiando na casa de um canalha e somente ele tinha namorada. Ela ligou e ele negou que estava lá, indo para os fundos (nós estávamos na área tomando pinga no abacaxi). Ela passou lá na frente e não viu ele. Muito feliz, ligou para ela chingando que não tinha acreditado nele, e voltou com nós todo cheio de razão. Em cinco minutos a malandrona voltou e pegou ele no pulo! Houston, we have a problem! Barraco armado! O pior era quando você contava uma história conforme o tratado, e o mesmo caía em contradição: "cara, ontem passei a tarde inteira estudando". E cinco minutos o rapaz disparava (acredito que de forma involuntária): "pia, mas você tomou todas ontem à tarde né?". Não faz isso meu atleta!

     E são tantas outras histórias, tantos outros casos de valentia que chega até a me dar saudade. Com base em tudo isso posso afirmar: desculpas esfarrapadas chegam a ser extremamente ridículas, mas o seu nível de aceitação continua muito em alta. Parece que queremos a todo custo acreditar na mentira e fazer ela se tornar uma verdade, a fim de amenizarmos os problemas. Isso é uma situação muito recorrente nos relacionamentos. Cada vez mais a sinceridade vai perdendo valor para a malandragem, a enganação. E são dois pontos distintos que fazem isso ocorrer.

     O primeiro é a falta de confiança mútua. Muitas vezes as pessoas gostariam muito de fazer alguma coisa com o consentimento da outra, todavia são reprimidas (de forma mais ou menos intensa). Sendo assim, tendo vontade de fazer algo (tolerável é claro), e sabendo que explanar sobre isso seria como cutucar uma onça com vara curta, acabam fazendo e abstraindo o fato. Não mentem, mas omitem acontecimentos. Devo dizer que isso fatalmente leva uma relação ao fracasso. Tanto pelo lado de quem esconde, tanto quanto pelo lado de quem oprime. Ambos estão errados. E a falta de liberdade se mostra muito maléfica. Como dizem por aí, quando consegue o "alvará de soltura", pinta e borda. Por isso canalhas, se ouvirem algum amigo próximo fazer piadinhas do tipo "tá encoleirado", "tá dominado", "olha a polícia chegando", revejam seus conceitos. Não é hora de deixar a confiança prevalecer? Pois quem quer aprontar, apronta de qualquer forma, fato!

     A segunda são os famigerados "laços sentimentais". Você está tão ligado a outra pessoa, que repudia totalmente a idéia de ser enganado. Nesse momento a situação é grave. Você está totalmente vulnerável à vontade alheia. A pessoa avacalha contigo, pisa na bola, mas no fundo sabe que um papinho bem meia boca resolve. Basta dar uma enrolada e falar algumas palavras bonitas que tudo se resolve. E assim os podres vão sendo enterrados, até virarem um imenso aterro sanitário na consciência de ambos. Mas um dia esse lixo todo tem que sair. E quando sai, fede muito! Quando nos deparamos com essa situação, pode ter certeza que não existe mais um relacionamento. Existe uma enorme várzea que separa cada vez mais duas pessoas, próximas apenas graças ao corpo presente. É uma situação extremamente desconfortável, tanto da parte de quem trai, tanto para quem é traído. Não precisa ser uma traição consumada, mas só o fato de não sentir mais nada por outra pessoa é o suficiente para comprometer a relação.

     Filosofando um pouco, dizem que inevitavelmente o amor é passageiro. Aquela sensação de completude total ao lado da outra pessoa vai passar. O libido vai diminuir. E o que é pior: após um certo tempo (falam em torno de sete anos, por isso a popular crise dos sete anos no casamento), você vai se apaixonar novamente. Talvez aqui você pense: "jamais, comigo isso não vai acontecer". Mas pode ter certeza que ocorrerá. Só cabe a cada canalha saber como proceder. Entender o momento e perceber que o que importa mesmo é o companheirismo, respeito, etc, ou na primeira oportunidade mandar tudo para o espaço. O que mais vemos hoje em dia é a segunda opção, mais simples o que traz os melhores resultados no curto prazo. Todavia, é um sintoma claro de que o canalha não descobriu o real sentido do amor.

     Eu sinceramente espero me enquadrar na primeira situação. Mudei a forma de ver as coisas. Hoje procuro ser o mais realista e sincero possível. Jogo limpo, sem se utilizar das famigeradas desculpas esfarrapadas. Ao que me parece é uma tática que dá certo. Porém, somente da certo se do outro lado do salão existir uma pessoa que também tenha essa linha de pensamento. Se não for assim, provavelmente as coisas podem vir a não dar certo. Mas isso só o destino dirá!

     Nota do autor: a cada dia que passa fico mais preocupado com minha forma de escrever. Sabe aquela sensação de "estar viajando demais na maionese? Pois é, será isso um sintoma de loucura? Tomara que não. Mas opinem por favor!

3 comentários:

Anônimo disse...

Pelo contrário Zé vc não está ficando louco.Voce ao que me parece é um homem inteligente e que está amadurecendo,observa as coisas,as pessoas e procura sempre aprender um pouco mais sobre a vida,e principalmente sobre as mulheres!
Tu ainda vai encontrar essa guria que tu procura e nem sabe... se olhar bem pros lados encontra ela fácil
Tu vai da bom piá =*

Zeh disse...

Adoro comentários Anônimos! Mas obrigado pelo elogio! :D

- dsSa! disse...

mas oq seria de nós sem uma pitada (moderada é claro) de loucura??!

isso me lembra uma musica:
"♪'♫ Eu do meu lado, aprendendo a ser louco, um maluco total, Na loucura real..."
(acho que eu tbm ando viajando de mais... hahaha)