segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um Canalha Em Apuros

     É amigos, mais um fim de semana repleto de canalhices. Muita ação, muita aventura, muita festa. Todavia devo relatar um fato: não é que os canalhas foram manchete de uma ocorrência policial? Até imagino o repórter policial Claudério Augusto noticiando o fato: "e no sábado dia 31 de Julho às 23:07 minutos saída de pista envolvendo Astra com Placas XYZ de Chapecó conduzido por fulano de tal". è amigo, tem dias que a noite é foda.



     Com o perdão da malvadeza, já adianto aos maguados de plantão que deu tudo certo. Ninguém saiu lesionado, e o auto em questão tinha seguro. Logo, não houveram prejuízos materiais nem danos físicos, que bença! Mas é melhor detalhar a noitada...

     Relatando o fato desde o seu início, temos vários pormenores a serem devidamente esclarecidos. De início, era fato que a noite não prometia muita coisa. Infelizmente tem vezes que é assim mesmo. Você olha para o tempo, um lixo, frio e chuvoso. Você olha a programação das festas, um desastre: sem bailes, sem shows fortes, sem baladas que prometem. A luz amarela se acende. Finalmente você faz contato com alguns amigos que estão no clima: "véio, tu tem que ir com nós... baile em Modelo, vai bombar! Cerveja a 0,50 centavos. Confesso que até é uma situação para se animar, todavia a mente canalha bem preparada faz algumas ressalvas: Modelo é uma cidade a 50km da base. Não seria tão longe não fosse o tempo chuvoso. E como vai ser a volta? Será mesmo que o baile vai dar bom? Espiculando mais um pouco percebo que o canalha em questão estava motivado pois um esquema seu iria para lá. A empolgação dele se justificava, mas não a minha.

     Tudo bem, um outro canalha entrou em cena, e denominado "piloto de fuga". Tanto eu quanto ele estávamos acompanhados. Dessa forma ele argumentou: "vai ficar fazendo o que na cidade, não tem nada, vamo lá com nós, damos umas risadas e voltamos mais cedo". Um argumento até certo ponto convincente. Olhei para a jovem e está também não se mostrou muito empolgada. Sabe quando as duas mentes convergem para "não, não vamos, vamos ficar de boa vendo filme ou algo mais light"? Pois é, senti que foi isso que ocorreu. Porém, para mostrar que não sou um velho chato, e ela para mostrar que é parceira, resolvemos entrar na barca. Na verdade entramos mesmo foi no carro do piloto de fuga, que se ofereceu para ir na boleia. Eu deveria ter lembrado de uma noite na canalhice onde o mesmo resolveu endireitar as curvas de Xanxerê até Chapecó, com ênfase para os trevos de Xaxim. Em todo caso, resolvi dar um voto de confiança, vamos! Em época de eleição não devia ter feito isso! Que bobagem!

     Após um pit stop no posto, hora de pegar a estrada. Era chuva que Deus mandava. Conversa vai conversa vêm, sentia um mal pressentimento. Aqui podem achar que é crença ou qualquer tipo de "baboseira que ninguém acredita". Mas tinha a sensação que a noite não estava 100%. Mas tudo bem, parceria é parceria. Em todo caso olhei pra jovem que estava comigo no banco de trás e disse: "põe o sinto, BR com chuva é foda". Ela colocou. Eis que uns 10 minutos depois vêm o fato. O piloto de fuga andava a aproximadamente 90Km por hora em uma reta, nada muito veloz, todavia com pista molhada e chuva, uma velocidade um pouco perigosa. Mas enfim, nada muito louco. Nesse momento nos deparamos com uma parte da pista extremamente molhada, e o garrancho aconteceu.

     Subitamente sentimos que o carro saiu do chão. Não estava na boleia, mas deu pra sentir que o mesmo flutuou por um instante. Graças à velocidade e á aquaplanagem, o carro rodopiou na pista. Sem muito o que fazer, tudo o que restou ao piloto de fuga foi puxar o volante para a direita, conduzindo o auto para o acostamento. Graças a essa manobra o carro continuou rodopiando, porém em sentido à valeta. Mais uma rodopiada e a queda na sarjeta. A cada rodopiada me sentia em um carrossel forçado. Com o impacto na sarjeta a velocidade diminuiu, porém ainda foi suficiente para arremessar a traseira do Astra para o barranco. Como em um Kamikaze, senti o carro subir e descer aquele barranco, até pousar novamente na sarjeta. Não fosse este buraco certamente teríamos capotado. Com a velocidade nula, o carro repousou na sarjeta.

     Lembro que tudo o que fiz nesse poucos segundos foi torcer para o carro parar agarrando com toda a força a guria que estava comigo, pensando mais na segurança nela que qualquer outra coisa. Sim, um canalha também tem responsabilidade. Depois disso verificamos que todos estavam bem. Dos males, o pior. Uma segunda análise e fora o susto, nenhum arranhão. Confesso que não me assustei tanto, mas a jovem ao meu lado tremia como vara verde. Sai do carro, uma sensação fria. Meu pé atolou no barro. Sem se importar, tirei lentamente a jovem e tive a certeza de que ela estava bem. Não sentia a chuva, tudo o que torcia era para que todos de fato estivessem ilesos. E ainda bem que realmente estavam. Hora de partir para o passo número dois, a logística pós tragédia.

     Ligação para um, para outro, guincho, polícia, e assim por diante. Graças à imensurável parceria dos canalhas que já estavanm praticamente no baile e tiveram a preocupação de voltar (mesmo sabendo que todos estavam bem), fomos conduzidos em segurança até a base. Vale destacar que é para isso que um canalha tem amigos leais. Deixaram tudo para se certificar que outros canalhas estavam realmente em segurança. Amigos assim são uam bença, não canso de dizer! Passado o susto, feita a logística, acabo a noite justamente aonde eu queria ter estado, e não deveria ter saído: sussegado vendo um bom filme. Mesmo assim, fica a dica: "a experiência gera aprendizado", principalmente quando a experiência vêm de uma situação desfavorável.

     No fim das contas posso concluir que tem momentos que estamos em apuros e não tem muito o que ser feito, resta esperar o desfecho. No meu caso ainda bem que este foi o melhor possível para a situação. Poderia ter evitado? Com certeza, bastaria ter seguido a intuição. Mas quem sabe se não ocorresse isso algo pior não poderia ter acontecido com outros canalhas? Prefiro pensar dessa forma, visto que todos estão bem, o prejuízo financeiro não houve, e mesmo a noite não sendo tão boa para os canalhas que nos auxiliaram, ficou claro que a parceria perdura. E eles também foram recompensandos, que bença!

Nenhum comentário: