Começo o post de um forma bem coloquial: Volti meia o cidadão se pega meio que perdido na noite, solito que nem vaqueiro de campanha, e acaba parando pra refletir. Nesses momentos, dependendo da maior ou menor quantidade de álcool envolvida no processo, pode ser que você reflita a respeito da vida. Ontem combinei com um parceiro de sairmos, tudo certo. Chego no posto, o referido com duas jovens, e dele proza. Durante a conversa surgiu o assunto idade. Aí a guria me solta a pérola: "estou louca pra fazer 18 e ganhar um carro. Ano que vêm já faço 17!". E eu pensei comigo: "puta merda, e o tio da sukita aqui com 25 e mais alguma coisa", que fase!
Depois de algum tempo o canalha foi levar as gurias embora, e em meia hora voltaria para irmos até uma afamada bodega, que já teve mais glamour, mas ultimamente parece parada de camioneiro. Nesse lapso temporal aproveitei para degustar um chopp e, solito, tive o momento de reflexão citado acima...
Reza a lenda que a crise da meia idade default se instala lá pelos 40 ou 50 anos, não sei direito porque sou velho, mas nem tanto. Acontece que na vida de um canalha também ocorre a crise da meia idade. Sim, pois dependendo de cada canalha, as canalhices podem cessar aos 18 ou até mesmo aos 40, com juros. No primeiro caso, bem, perca total. O cara abdica da melhor fase da vida por um amor platônico de juventude. Nem vale a pena comentar muito a respeito. No segundo, bem, esse é o popular "nego véio de guerra". O cara que cruzou toda a faze áurea da sua vida aproveitando o lado bom. O problema é que muito poucos conseguem ir de um extremo ao outro sem no meio não rolar um casamento, ou pelo menos um filho perdido. O cidadão que faz isso (dá pra contar nos dedos), é um verdadeiro "herói da resistência".
Mas voltando ao tópico central do post, se você fizer 40-18, temos 22. A metade disso é 11. Se colocarmos que em média começamos a sair com 14 anos, e acrescer 11 anos, chegamos ao cabalístico número 25. Se perdendo ou não na matemática nobre canalha, chegamos à crise da meia idade da canalhice. É uma fase divisora de águas na vida de um canalha. De um lado, muita história para contar. De outro, uma visão aguçada dos fatos, que lhe permite distinguir como ninguém as situações.
Na crise da meia idade você tem muitas reflexões. É aquela fase onde você frequenta as festas e, ou só tem gente velha, ou só tem gente muito nova. Constato isso frequentemente ao ouvir amigas dizendo: "lá em tal bodega só da criedo". Poha Almir, no tempo que eu ia pra balada com os amigos a pé, tomando velho barreiro (18 anos), confesso que nunca ouvia isso. O máximo que acontecia era ser persuadido por uma papa-anjos. No outro extremo, ouço um parceiro dizer no baile: "cara, quanta mulher véia". Como quem diz: "we are the next my friend". Parafraseando Cazuza, "o tempo não pára, não páraaaaaaa!".
Outro sintoma da crise da meia idade são seus velhos amigos. Quando eu digo velhos, é de longa data, e não de idosos. Fulano casou, Cicrano engravidou a mulher, Beltrano se mudou para a Bahia e casou com uma prostituta. Sua prima mais nova já está casada e tem três filhos. Seu primo mais velho já é compadre do teu irmão. As primas que você carregava no colo e brincava no interior já estão indo pro segundo ano de namoro. O piazinho que você mandava buscar a bola (caso contrário apanhava), hoje está mais forte que você e andando de carro rebaixado no bairro. A menininha da vizinha que ia no mercado comprar bala (não alcançava no baleiro) hoje já te olha com ares um tanto quanto maliciosos. E em meio a tudo isso, lá está você: o canalha na meia idade.
O canalha, nessa situação, tem que ter uma coisa bem clara em mente: quando você está na chuva, é para se queimar. Sim, pois de posse dessa carga horária avantajada, não pode se abater com pouca coisa. O preparo físico para horas a fio de noitadas já começa a ficar pior (dormir no banco do carro ou similares? Jamais! Prezamos pelo conforto). Aquela noite que faltou parceiro pra sair, ou mesmo que a logística ou brikes não deram muito certo, não deve indicar um sinal do fim da caminhada. É apenas mais um dia, o qual, proporcionalmente falando, representa muito pouco de tudo o que você passou. Sim, pois você já saiu tranquilamente mais de mil vezes. Uma noite representa 0,001% de sua estadia na canalhice (e tem algumas noites que tem um peso bem maior).
Tudo bem, tudo bem. Até aqui esse post parece-me um tanto quanto melodramático. Vocês devem estar pensando: "o cara está em depressão, com uma corda no pescoço, fumando um cigarro e limpando uma bala de 22". Ledo engano meus amigos, muito pelo contrário! Nesse momento afirmo: "estar na crise da meia idade na canalhice é uam bença! Porque na meia idade da canallice, de crise não tem nada. Justamente porque você consegue ter uma visão extremamente rápida, correta e precisa dos fatos. Você já conhece os atalhos da malandragem. Se alguém vêm de colher, você não da sopa. Se alguém vem com a farinha, você já oferece a polenta. Enfim, nada lhe surpreende, e de posse do conhecimento, algo crucial nos dias atuais, o bom e velho canalha apresenta suas armas.
Na crise da meia idade você tem artimanhas perfeitas para reagir da maneira correta a tudo. Como proceder na balada, antes e depois dela. Como persuadir uma jovem, como se deixar ser persuadido (e até mesmo "enganado"), e o mais legal de tudo, sempre tirando vantagem de tudo isso. Por mais que tentemos fingir que não, infelizmente aos canalhas de primeira viagem, nós sabemos das coisas! Fato! Indubitavelmente a experiência gera aprendizado. Como comentei com alguns amigos. Nessa vida na canalhice o cara vê e vivencia tanta coisa, que é difícil não sair de uma situação por cima. E sempre da maneira sutil e inteligente como só um verdadeiro canalha sabe como fazer.
Pra finalizar a baderna, se você, em algum momento do post, sentiu aquele ar "post triste ou depressivo", infelizmente me passe todas as suas fichas e levante da mesa da canalhice. Você acabou de sofrer um blefe daqueles! O canalha na meia idade vai muito bem, obrigado!
sexta-feira, 9 de julho de 2010
A Crise da Meia Idade na Canalhice
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