Alguns dias sem escrever, devo confessar que os dedos coçaram pra postar no blog. A questão é que fim de semana fui para Blumenau disputar uma etapa do circuito catarinense de poker. Uma aventura bem legal, que quem sabe relato aqui um dia desses. Mas nessa viagem fui junto com mais quatro amigos. Um deles desconhecido, mas que, ao criar uma certa intimidade, contou algumas proezas que me obrigo a relatar no blog. Esse post é em homenagem ao Touro Reprodutero Apaixonado, como ele mesmo se entitulou depois de algumas cervejas...
O rapaz mora nos arredores de Xanxerê, gaúcho guapo, criado a casca de feijão e na alça de gaita, daqueles mais grosso que dois porco abraçado. Apreciador da cultura gaúcha, o nobre colega fala firme e defende as tradições gaudérias. Entre seus principais bordões estão: "comigo é na ponta da adaga", "sou um touro reprodutero selvagem", "jogo poker até de madrugada e se perde resolvo na facada, e mais uma série de outras pérolas daquelas que só mesmo nego véio criado em galpão entende. Além de tudo isso o rapaz é fortemente chegado num trago. Foi só ele cair do torneio que entornou umas 20 long neck. Enquanto eu ainda jogava o rapaz já tava "soluciando de bêbido".
Mas o touro reprodutero também tem coração. E foi numa de suas andanças gaudérias que o amor aconteceu. Certa feita foi até Catanduvas na popular (eu nunca tinha ouvido falar) festa do chimarrão. Cidade pequena, mulherada de fundamento, e lá no meio nosso pernosagem, representando a fina flor da grossura. Lá pelas tantas presenciou a eleição da Miss Chimarrão. Quando olhou a prende vencedora pensou: "é essa China véia que arrasto pra minha fazenda". Conforme ele mesmo disse, amarra a bicha pelas perna, coloca dois perdiguero na porta, afia a adaga e limpa o cano da 12, depois é só viver feliz.
Não é de se surpreender de que num primeiro momento a moça não deu lá tanta bola para ele. Sem muito dom do palavriado fica meio difícil abordar a donzela. Imagine então um gauchão grosso que "male mal" se aguenta de pé tamanho o balaço que costuma tomar. Mas o fato é que conseguiu o telefone da jovem. Conversa vai, conversa vêm, trova daqui, papeia de lá, conseguiu marcar um encontro com a guria. E fato, estava perdidamente apaixonado.
Nas semanas seguintes o gaudério se empenhou. Ligou, conversou bonito no MSN, orkut, etc. Finalmente a sorte começava a sorrir para ele. A prenda estava cedendo aos seus encantos. E a oportunidade de ouro veio num fim de semana que prometia. Ela havia marcado de ir com os pais assistir o grenal em Erechim, mas devido ao poder de persuassão gaúcho, cancelou a viagem e convidou o touro reprodutero para ir até Catanduvas, jantar fora e depois, bem, depois só Deus sabe o que aconteceria. Aqui me obrigo a comentar que os olhos do pia chegaram a brilhar quanto finalmente tinha ganhando sinal verde da moça. Com o compromisso marcado para as oito horas do sábado, era só dominar o terreno.
No sábado o gaudério estava eufórico. Deixou o auto reluzente, cortou o cabelo, barba, etc, e até mandou a mãe passar a roupa de gaudério ir pra missa no domingo. Para não se atrasar nos 100Km de viagem, exatamente cinco em ponto saiu de casa rumo a Catanduvas, e também à felicidade. Tudo certo na viagem, e por volta das seis e trinta chegou na cidade. Como ainda faltava um tempo para o encontro, o guapo véio achou inconveniente ir encomodar a prenda se aprumar. Deu algumas voltas e quiz o destinho que ele passasse em frente a um bolicho.
Um gaudério meio que tem nojo de uma boa bodega, e o que é pior, uma bodega com um conhecido que tu não via faz tempo. Concordem comigo, a tentação de dar uma paradinha é grande. E foi isso que ele fez: parou, comprimentou o amigo e se obrigou a tomar uma cervejinha. E o pior que a cervejinha chama outra cervejinha. As cervejinhas chamam a sinuquinha, e assim vai. Só mesmo um bom e velho canalha sabe como é essa situação. O tempo passa parece que voando. Você até tenta ir embora, mas é duramente repreendido pelos amigos (é nesse ponto que uma categoria de galo se distingue da outra, separa-se o Galo Master do Choca Véia, e assim por diante).
Não foi diferente com nosso amigo. Depois de várias cervejas e intermináveis "melhores de três" na sinuca, foram disputar a "nega de todas" perto das dez horas da noite. Somente após esse Happy Hour Gaudério é que o touro reprodutero decidiu ir até a casa de sua prometida. Conforme ele mesmo citou: "não lembro se cheguei na casa dela dirigindo ou empurrando a camionete". A chuva véia corria solta e nosso amigo tava encharcado de água e também de cachaça. Como alcoolizado até mesmo um gaúcho faz garrancho, estacionou a camionete no meio da rua e foi até as escadas da casa da moça. Que desafio essas escadas... na metade dos degraus a dificuldade de subir era muito grande. Decidiu por deitar-se ali mesmo e chamar a jovem pelo nome. Seria mais fácil e prático, não fosse a chuva e a voz arrastada de bebum. Vagamente ele diz que lembra dela saindo na área: toda prendada, coisa mais linda do sul do mundo. A beleza irradiante deu lugar ao desespero ao ver o guri naquela situação: bêbado, molhado, totalmente imundo e ainda por cima cantando músicas nativistas. Acho que até eu ficaria meio que nervoso em caso similar.
Para piorar ele ainda queria dar uma mijadota. Ao invés de ouvir os pedidos da moça para ele entrar e tomar um banho, achou que o muro da casa dela seria mais conveniente. Percebendo que um vizinho já assistia a cena, resolveu atravessar a rua correndo e desaguar em um terreno baldio. Um verdadeiro índio véio. Pra resumir, tentou se explicar para a moça mas muita coisa não saiu. O fato é que perdeu o brike bão. Acabou pegando sua camionete e dormindo a duas ou três quadras da casa dela. Que noite!
No fim das contas errou o pulo, perdeu a viagem, teve o contato dela bloqueado do MSN, Orkut, etc. Mas segundo ele, jamais desistirá de sua paixão, nem que para isso tenha que fazer uma tocaia na casa dela e matar o pai da moça, visto que este não ficou muito satisfeito quando soube dos garranchos que ocorreram na porta da sua casa. E finalizo o post com uma pérola do grande touro reprodutero: "me desculpem pela vergonha que passei".
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
O Touro Reprodutero Apaixonado
Marcadores:
Acontece na Noite,
Isso é Fato,
Proezas Canalhas
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário