sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Escorrendo Veneno

     Engraçado como depois de um litro de whisky uma conversa casual de amigos se torna uma grande e duradoura discussão filosófica. E foi justamente o que aconteceu numa noite dessas. Depois de um tempo sem tomar todas, eu estava com vontade de me entorpecer, até pra livrar do stress do cotidiano. Dessa forma eu e um amigo resolvemos beber e dar uma observada na night. Acontece que esquecemos de observar a noite devido a gravidade do assunto em questão.



Leia mais e entenda...

     A questão central do debate foi como o ódio (conhecido popularmente como mágoa) toma conta do coração da maioria das pessoas. Antes de escrever sobre isso, é bom deixar bem claro: uma coisa é você discutir fatos, comentar coisas que as pessoas próximas fizeram. Outra coisa é distorcer informações e falar coisas sem realmente ter certeza. Sim, pois infelizmente todos falamos da vida dos outros. Felizes são os que conseguem discernir entre comentar o que ocorre de fofocas e boatos. Por isso que dizem: "pessoas inteligentes discutem idéias, pessoas normais falam de acontecimentos, e pessoas medíocres falam de outras pessoas". Aqui devo acrescentar: falar de outras pessoas não é ser medíocre, mas difamar outras pessoas passa a ser.

     Explicado esse ponto inicial, nossa discussão se deu justamente quando conversávamos sobre nossas relações de amizade. Olhamos pra um canalha que estava conosco, e comentei: "esse cara é muito gente boa, muito parceiro". Meu outro amigo concordou prontamente. Você sabe que é aquela pessoa que pode falar as coisas abertamente que ele vai ser sensato o suficiente para falar as coisas certas na tua cara sem ofender. Da mesma forma que vai ser sensato ao comentar do seu nome na sua ausência. Pois sim meus nobres canalhas, não se iludam. Na nossa ausência, COM CERTEZA vão falar da nossa pessoa. Fato! E é nesse momento que a grande maioria das pessoas falha. É aqui que a personalidade vem a tona.

     Uma coisa é comentar os assuntos de uma forma moderada, pensando em não difamar a moral da pessoa ausente. Outra é conversar com a boca escorrendo veneno. Chutando o balde em relação à outra pessoa. Isso é um claro sinal de que essa pessoa não merece confiança. Discorda? Tudo bem! Mas se essa pessoa fala mal de boca rasgada de outra, o que vai garantir que ela não irá fazer o mesmo em relação à você na sua ausência? Com certeza ela vai fazer isso, é de sua índole ter esse comportamento. E o erro mais comum que temos é achar que quando estamos ausentes nosso nome será citado sempre de forma positiva. Ledo engano! São poucos que tem o nível de honestidade ideal para agir da mesma forma tanto na sua presença quanto na sua ausência. Via de regra, parece que as pessoas tem o prazer de falar mal da vida alheia.

     Um exemplo prático talvez? Esse meu amigo comentou: "pois é cara, lembra do fulano que veio falar comigo no baile? Pois é, veio querendo falar mal da guria que tava contigo. E te falo isso porque sou teu amigo. Só que ao mesmo tempo que ele falava sentia que na verdade ele estava maguado e sentia inveja de você". Eu agradeci por ele ter contado. Engraçado que essa mesma pessoa dava toque e queria a todo custo a guria que estava comigo. Um exemplo simples mas que relata bem esse comportamento "Cobrinha Style" que afeta uma grande porcentagem das pessoas que nos cercam. E aqui teria mais um milhão de exemplos a serem citados, tanto fatos que ocorreram comigo, quanto com outros amigos e conhecidos. A tal da "trairagem" parece estar cada vez mais na moda.

     Eu descobri que ser honesto e sincero é muito bom. É a melhor coisa a ser feita. A algum tempo venho utilizando essa filosofia, e a cada dia que passa percebo que foi a escolha certa a ser feita. Percebi que as pessoas com quem me relaciono diminuiu bastante, mas as que me relaciono com certeza valorizam muito isso. É uma relação onde você tem certeza que nenhum dos lados irá sair prejudicado. Se fiquei com alguém e não quero nada sério, deixo isso bem claro. Se quero falar de um amigo para outro, ambos estão cientes das coisas que falo. Sem enganação e falsidade. E a cada vez que percebo o veneno escorrendo em uma pessoa, procuro me afastar. Tenho fobia de animais peçonhentos.

     O legal de ser um bom amigo é sentir que as pessoas te dão valor. Elas procuram você para conversar e pedir conselhos. E elas escutam pois sabem que você quer o bem delas. Outro exemplo. Um amigo meu veio me contar de um relacionamento que ele estava tentando iniciar, e pediu o que achava, que ele teria que abrir mão das festas, etc e tal. Falei com todas as palavras o que eu achava. Desde o perfil da pessoa, até a questão de abrir mão das festas. Mesmo sabendo que eu perderia um guerreiro de balada, minha opinião não foi levando em conta meus interesses, mas sim o que eu pensava e o que seria melhor para ele. Pode parecer meio GAY, mas ao final da conversa ele me olhou dentro do "grão do zóio" e disse: "cara, realmente você é meu parceiro, você não fala o que eu quero ouvir, você me fala o que é o certo a ser feito". E depois me deu um abraço. É muito bom quando esse tipo de coisa acontece.

     E na verdade acontece porque sinceridade é um sentimento que anda meio sumido. É como uma mina de ouro. Quando você encontra uma, quer a todo custo usufruir dela. Infelizmente as pessoas preferem estabelecer uma falsa relação, baseada puramente em interesses, do que de fato provar um sabor de uma amizade verdadeira. Pra quem me conhece sabe. Eu odeio isso! E assim como odeio o amigo que só é teu amigo na hora boa, também odeio o tipo de guria a qual você só serve quando está por cima. Mas enfim, não preciso desenhar. É fato que cada vez mais as relações estão sendo regadas á veneno. Cabe a cada um de nós escolher qual a melhor coisa a ser feita. A minha escolha já foi tomada!

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