Novamente eu e minhas idéias. Lá estava fazendo um saboroso lanche (na verdade alguns restos mortais de bolachinha recheada com café preto mais ruim que petróleo, apesar de nunca ter bebido petróleo), quando veio o assunto em pauta. A questão do amigo oculto. Não, não foi uma discussão inverterada de cinéfilos sobre o filme. Foi uma discussão sobre o tão debatido tema "relacionamento".
Ainda está viajando sobre o assunto do post? Tudo bem, esse era o objetivo mesmo. Continue que quem sabe você entenda... :D
Em mais umas das tantas conversas de intervalo, comentamos sobre o grandioso jogo de futebol da noite de hoje, onde o internacional pode se tornar bi-campeão da libertadores (fanatismos à parte, tomara que vença). Nesse momento uma nobre colega comentou: "poxa vida, sou colorada e meu namorado é gremista, é tão ruim não poder comemorar". Logo em seguida falou que havia comentado alguma coisa envolvendo meu santo nome com seu namorado. Algo do tipo "O Zeh falou tal coisa sobre o inter". Nesse momento outra emendou: "sim, esses dias eu comentei com meu marido sobre uma piada que o Zeh contou". Novamente meu nome no meio da história. O legal foi o desfecho. Em ambos os casos os namorados tiveram uma crise moderada de ciúmes. Aquela coisa no estilo: "mas quem é esse Zeh?", ou então "mas você fala com esse Zeh!", "mas tu é amiguinha desse Zeh!" e assim por diante. E não é a primeira vez que isso ocorre. Momento tenso detectado.
Observando o fato lembrei do tempo em que eu também namorava. Muitas vezes ia na casa da gata e, no meio das conversas sobre como tinha sido nosso dia, ela acabava comentando: "hoje o fulano fez tal coisa", ou então "hoje o ciclano levou lanche pra nós, ele é muito querido". Confesso que quando ouvia as palavras "fulano" e "ciclano" (substituam para seus casos particulares) aqueles nomes não me desciam. Por mais que eu tentasse ignorar o fato, pois eram simples colegas de trabalho, a malícia não me deixava. Sempre ficava com uma pulga atrás da orelha. Na mesma lógica, foram sucessivas brigas por eu comentar algo do tipo "não suporto a fulana que trabalha comigo". E ouvia comentários como "só pode que você deve amar ela, não para de falar dessa guria". A partir desse momento, modo briga - ON.
Por isso acabei pensando que essa "teoria do amigo oculto" é bem interessante. O amigo ou a amiga oculto(a) normalmente é alguém que tem um convívio com seu namorado(a) ou esquema e não convive com você. è um ser que em um primeiro momento pode ser considerado um estranho no ninho, mas que geralmente não tem por objetivo bagunçar o mesmo. Algum filósofo já disse que "o ser humano teme o desconhecido". Vemos isso claramente no mito da caverna de Platão, onde as pessoas nasceram em uma caverna e enxergavam apenas a sua sombra. Aquela era sua realidade. A mesma coisa acontece em um relacionamento. Ao descobrirmos que um "estranho" tem contato com seu(ua) parceiro(a), o ser humano tende a desconfiar. Em um relacionamento chamamos isso de ciúmes. Mas isso pode ocorrer também em uma relação pai e filho. Mesmo você tentando dizer que seu amigo não é drogado nem bandido, a primeira sensação dos pais é a desconfiança.
A teoria do amigo oculto é algo que explica muitas briguinhas conjugais. Por mais que a pessoa comente de forma involuntária sobre alguém com a qual tem convívio, na maioria das vezes a outra parte não é madura o suficiente para entender. E isso, quem em um primeiro momento pode parecer besteira, pode acabar virando um estopim para algo maior. Quanto mais escrevo a respeito, mais percebo o quanto somos mesquinhos em nossos relacionamentos. Falo no plural pois me incluo em praticamente todas as situações citadas aqui. Não tivesse presenciado, não teria experiência para escrever. Mas a sensação que tive quando comentaram sobre o fato acima foi: "poxa vida, como eu era um completo idiota em sentir ciúmes nessa situação". Sim, pois se a pessoa tiver qualquer vontade de "burlar a relação" com algum colega, com certeza ela NÃO VAI COMENTAR A RESPEITO DA PESSOA. Seria como cometer um crime e deixar provas cabais.
Normalmente comentamos tudo que ocorre no nosso dia. É um processo natural do cérebro para se livrar de coisas menos importantes. E muitas vezes essa "eliminação de resíduos" acaba sendo mal interpretada pela outra parte. E aí, salve-se quem puder. O mais legal de tudo isso, é que depois que o amigo oculto toma forma, convivendo ou interagindo conosco, percebemos que o que fantasiamos, na maioria das vezes, não condiz com a realidade. De fato é apenas uma pessoa que interage no trabalho, estudo, ou outra atividade tão importante quanto a relação. Mas escrevi "na maioria das vezes" porque infelizmente existem exceções. E aqui o assunto torna-se um pouco delicado.
Essa infeliz desconfiança do mundo moderno, a qual não nos permite mais firmar laços de harmonia com as pessoas é uma porcaria. Não podemos mais vender sem contrato, pois os caloteiros de plantão não perdoam. Não podemos mais sair tranquilos, pois marginais querem nos prejudicar. E quanto o assunto é relacionamento, não podemos mais confiar totalmente, pois alguns - com o perdão da expressão - filhos da puta sempre querem te dar uma bola nas costas. Algo do tipo "Essa gata tem namorado? Se vacilar to pegando!" é o pensamento que predomina na mente da grande maioria. Talvez é por isso que essa desconfiança exista. Não fosse por essa palhaçada que vemos de forma mais descarada a cada dia que passa, quem sabe as pessoas confiariam mais. É uma pena que não é assim. Eu procuro ser, eu faço minha parte. Mas muitas vezes para se gabar por alguns instantes, muitos acabam ignorando algo chamado "respeito". Fatalmente essas pessoas estão fadadas ao fracasso. É triste dizer, mas é a mais pura verdade.
Ufa, nunca achei que uma discussão sobre futebol fossê tão longe!
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
O Amigo Oculto
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