quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Canalhas Extremus

     Pra início de conversa gostaria de dizer que este post tem cunho político. É uma coisa que vem martelando na minha mente a algum tempo, formando uma espécie de pensamento cíclico, um espiral que vai da ponta maior para a menor, não sei exatamente até aonde. Todo dia esse nobre canalha acorda as 06:45 da matina, dá uns soco no sono, engana o barriga com um chimarrão e migra para o trabalho. Sai corrido do trabalho as 12:00, joga uma bóia pra drento e engana o sono por 15 minutos. Volta correndo e fica na labuta até as 18:00. Sai voando, chega em casa, passa embaixo do chuveiro e forra os buraquinhos dos dentes e vai pra faculdade em uam jornada extra das 19:00 as 22:30. Depois, claro, uma hora e trinta minutos de descanso em frente ao PC colocando os assuntos em dia e corrigindo trabalhos, que bença! Mas e aí? Pra que tudo isso? Por que a correria canalha?
     Pois é, essa rotina frenética é a minha, mas poderia muito bem ser a sua. No fim de semana não posso omitir que tenho meu momento canalha ON, mas passa rapidão. Tenho que aproveitar cada segundo para a vida não passar por mim sem eu mesmo perceber. E aí, em meio a correria, leio algumas notícias e assisto um pouco de TV. Nesse momento que meu pensamento cíclico se instaura.
     Leio notícias sobre a PALHAÇADA que é a política no Brasil, indiferente de partidos, todo mundo mamando nas tetas públicas na maior cara de pau. Minutos depois vejo um menor pedindo esmola no semáfaro. Comovido, "ajudo" com algumas moedas, não que isso sirva pra muita coisa, mais por desencargo de consciência mesmo. A noite assisto jornal antes de dormir. Fraudes, corrupção, confusão, fico indignado. Troco de canal e vejo reportagens sobre exploração infantil (trabalho escravo, prostituição) no nordeste. Fico revoltado, penso em como ajudar, como solucionar o problema. Assistindo outro jornal, mais cenas da corrupção escrachada. Os políticos nem ficam vermelhos, o povo nada faz, e mobilizações deixaram de existir desde os caras pintadas. Volto para o canal da reportagem e o repórter pede para uma mulher de uns trinta anos: "Você sabe o nome do nosso presidente?". E ela: "Qual, aquele que dá o bolsa família? Não sei, mas ensinaram que era pra apertar no treze no dia de votar. Naquela época ganhamos várias roupas e cestas básicas". Penso comigo, que bença a política brasileira!
     Tomado pelo sono adormeço. Acordo e no trabalho me toco que saiu minha folha de pagamento. Lá está ela, bonita e formosa. Nesse momento devo confessar que agradeço a Deus por ter um bom emprego, pensando em quantos não o tem, lembro das crianças do nordeste que passam 15 horas cortando mandioca por oitenta centavos ao dia. Olho de novo para meu contra-cheque e lá está: uma porcentagem para o imposto X, outra para o imposto Y, mais um pouco de contribuição para alguma coisa, no fim, um belo desconto. Aqui tento unir as pontas: Ora bolas, se descontam isso de mim, nada mais natural que pegar esse dinheiro e ajudar aquelas crianças que descascam mandioca. Somando seus descontos aos meus, sobraria pra muitas outras iniciativas sociais.
     Tudo certo, mas nesse momento sinto um desconforto na coluna, fico muito tempo sentado. Preciso de uma consulta médica. Ah assim, basta que eu vá a um posto de saúde e seja atendido. Ledo engano! Se não fosse meu plano de saúde eu tava quebrado! Aqui novamente agradeço por ter um plano de saúde, mas por pagar impostos deveria receber esse benefício gratuitamente, o que não é verdade. Mas escuta, não pagamos um imposto lá justamente para ser revertido para a saúde? Que estranho.
     E assim a minha vida vai seguindo, perseguida por esse pensamento cíclico, aspiral e descendente: a cada momento estou pagando impostos. Para andar de carro, para morar, para comprar, para sacar dinheiro, para tudo praticamente. Tudo bem, sou a favor, afinal, isso vai amenizar os problemas sociais, que só se resolvem com dinheiro bem aplicado. Que falácia! Como é triste saber que quase tudo que pago de impostos vai para as mãos de homens medíocres, que vivem uma vida luxuosa às custas de canalhas como eu, cidadãos de boa índole.
     Esse blog não seria exatamente para isso, mas sei que quem lê são canalhas que dão duro para ter uma vida pelo menos boa, longe de ser luxuosa, e que se preocupam em ajudar os outros. E o círculo vicioso continua. O que fazer? Sinceramente penso nisso todos os dias:

A) Entrar para a política? Desejaria, estaria cheio de boas intenções, mas pelo que sei, em um sistema político sujo, os honestos são podados pela raiz. Ou aceitam as regras desse jogo imundo, ou são eliminados.

B) Resolvo virar um mercenário, um assassino de políticos corruptos. Seria legal, "a lá CS" pegaria um snipper com mira laser e mataria mais de mil por dia. Pena que seria muito fácil ser preso e ver a mídia se referir a mim como o Psicopata Assassino de Políticos, que matou homens de bem como Collor, Lula, Sarney, Palossi, etc, etc (droga, não era pra revelar a lista). Pior de tudo? Eu na cadeia retratado como vilão e eles como ídolos históricos, com praças e monumentos com seu nome.

C) Seguir o baile, cuidar da minha vida, fazer o possível para me dar bem, trabalhar duro e desfrutar de algumas canalhices que a vida me oferece. Poder tomar várias cervejas, ter um carro, e pagar muitos, mas muitos impostos sem receber NADA em troca.

D) Me escorar no governo em algumas políticas de distribuição de renda que ao meu ver, em pouco, ou nada contribuem para solucionar os problemas acima. Tipo, arrumar uma nega véia, meter dois bacuri e ganhar 200 pila de bolsa família. Além disso, ficar alguns meses na fila do SUS pra tratar da dor nas costas, e usar os espaços públicos (tipo a praça José Sarney pra tomar chimarrão, aquela onde os menores fumam crack a noite) para meu lazer.

     No meu caso me encaixo na letra C, mas confesso que não estou tão a vontade nessa posição egocêntrica e egoísta. Cuido do meu e o resto que se foda. Mas tudo bem, num país onde quem deveria ajudar o povo fode com ele, até que estou numa posição privilegiada. Vou parar de escrever senão isso aqui vai descambar para a putaria, e seria injusto falar mal da mãe de certos políticos.

Um comentário:

andredallacorte disse...

Pior que Não é fácil mesmo..

maaasss Segue o baile..

;D